Porque o silêncio...
Porque o silêncio...
Não penso mais. Perdi a capacidade de refletir. Ou, talvez, tenha sido apenas isso a única coisa que fiz em toda a minha vida: refletir (como um espelho) as opiniões alheias. Não que isso seja necessariamente ruim (ser original nunca foi uma angústia. Aprendemos a falar repetindo o que os outros dizem). Não, não, sem auto-punição, auto-flagelação. Um instante, uma percepção apenas. Sim, há penas. E grandes. Porque existiam inten(s)ões. Não há como prosseguir, apesar de tudo. E de mim mesmo. "Il faut continuer encore. Il faut continuer encore plus. Il faut continuer toujours. Não tem sentido, mas é preciso continuar". É, eu sei. O pesar de tudo. O papel do crítico. O não-ser crítico. A falta de espaço (e incentivo?) para pensar. Vida acadêmica, vida intelectual. Três. Que viraram dois por incapacidade de ser tão plural. A Ética e a sobrevivência. A escolha, sempre errada. A psicanálise. As artes plásticas. Auxiliar, sempre. O um quarto que bate à porta. A francesa. A italiana. A inglesa. A luso-brasileira. Estudar para prova. Estudar para trabalho. Por amor. Pôr amor. Amor entre aspas, dentro de outras aspas, aspas infinitas. Infinitas como as sombras. "Seria a noite a soma de todas as sombras?" Palavra anônima, palavra plural. Mas o ser é singular, um. Indi(e)vid(e)uó. Ler um texto para a aula. Ler um texto para a prova. Ler, (co)ler. (co)Ler co(r)endo. Apre(e)nder. Aprender sem apreender. (co)Ler um livro por amor. Le livre à(venir). Avenir. Devenir. "A literatura aspira ao silêncio e está condenada a desaparecer". Mas "dès que quelque chose est dit/quelque chose d'autre a besoin d'être dit". Aspira-se ao silêncio, mas a busca pelo silêncio nos leva a uma palavra infinita. Et moi, je reste toujours dans cette trop bruyante solitude. Estranho ter que responder à tantas questões, já que as respostas não existem e as questões nunca acabam. Elas também são (tão) infinitas.
4 Comments:
Atento a tuas palavras e desabafos e sentires extremos, Cicero, puro cotidiano que se define entre as sensações...
abraços
Vou linkar você no Bonequinho.
Acabam sim ... não acredito na infinitude das coisas, nem mesmo das questões!
Basta fechar os olhos e não pensar! Difícil? Não! Abstrair, subtrair, partir ... deixar de exisistir!
UAU!!!
putz, cicero, este texto está do caralho. desculpe o palavrão, mas não sei mais que outra palavra pode expressar o que quero dizer.
beijão...
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