domingo, abril 16, 2006

Dance me to the end of love...


"Let me see your beauty when the witnesses are gone..."

Olhava eu para fora da janela numa manhã nublada. Não que ela fosse realmente triste, mas meus olhos tornavam tudo melancólico. Foi quando me dei conta de que procurava certezas numa vida deveras passageira. Nem uma Pássargada eu tinha. Que seguranças poderia eu querer? Nem me perder em lembranças poderia, já que, filho de uma geração pós-moderna, nada me é permitido reter ou guardar. Nada de que, depois, eu pudesse me recordar. Recordar. Coeur. Mon coeur. Mon cher Verlaine.

Il pleure dans mon coeur

Il pleure dans mon coeur
Il pleure dans mon coeur
Comme il pleut sur la ville ;
Quelle est cette langueur
Qui pénètre mon coeur ?

Ô bruit doux de la pluie
Par terre et sur les toits !
Pour un coeur qui s'ennuie,
Ô le chant de la pluie !

Il pleure sans raison
Dans ce coeur qui s'écoeure.
Quoi ! nulle trahison ?...
Ce deuil est sans raison.

C'est bien la pire peine
De ne savoir pourquoi
Sans amour et sans haine
Mon coeur a tant de peine !

Chovia. Nem percebi. Só havia visto as nuvens. Como disse, não mais me recordo. Não mais. Aos poucos ia me esquecendo da sensação (gostosa) de virar uma página. Seja na vida, seja num livro, virar uma página é sempre uma grande experiência. Chega-se mais perto do fim, é verdade. Mas, também mais perto de se entender o sentido das coisas. Será? Acho que não. As coisas, efetivamente, não têm sentido. Mas que mesmo um dia nublado tem uma beleza incrível, tem...