domingo, abril 23, 2006

La demeure d'un ciel














On s'est connu
En bas des marches
Du palais
Tout en bas de l'escalier de glace
Tes pieds dansaient
Nus sur la neige
Et tu chantais cet air plein de malice et de grâce

Ôte maintenant
Tes souliers
Et chausse à ton pied
Quelques pelotes de nuées
Car ici désormais
Est la demeure d'un ciel
La demeure d'un ciel

On a monté
Toutes les marches
Du palais
Jusqu'en haut de l'escalier de glace
Un ingénu
Nous attendait
Et nous a mariés
Parmi les oiseaux sauvages

Ôte maintenant
Tes souliers
Et chausse à ton pied
Quelques pelotes de nuées
Car ici désormais
Est la demeure d'un ciel
La demeure d'un ciel...

A morada de um céu*
(*Uma tentativa de tradução de Cícero Alberto...)

Nos conhecemos
Sob os degraus
do palácio
Bem embaixo da escada de gelo
Seus pés dançavam
Nus sobre a neve
E você cantava este ar cheio de malícia e de graça

Tire agora
Suas meias
E calce em seus pés
Umas pelotas de neblinas
Pois aqui, daqui por diante,
É a morada de um céu
A morada de um céu

Subimos
todos os degraus
Até lá em cima na escada de gelo
Um inocente
Nos aguardava
E nos casou
Entre os pássaros selvagens

Tire agora
Suas meias
E calce em seus pés
Umas pelotas de neblinas
Pois aqui, daqui por diante,
É a morada de um céu
A morada de um céu...


***
Porque estou feliz. Porque faz sol e o dia está bonito. Porque consegui dizer coisas que sempre quis dizer sem precisar ser grosseiro e desagradável. Porque acordei e meu cabelo não me pareceu assim tão feio. Nem meu nariz. Nem minha boca e nem meu corpo. Porque tenho visto e lido muitas coisas bonitas. E que, pasmen, ainda existe sensibilidade! E até tenho pensado que as pessoas ainda valem à pena, ainda assim. E que, apesar de alguns versos ainda serem difíceis de serem lidos/ouvidos (Mon amoureux dit qu'il ne me connaît pas/Il vit loin de tout/il vit trop loin de moi/ sur le plus haut volcan que l'amour ait éteint/ il reviendra demain) a vida continua. E isso não me parece algo ruim. Porque tenho percebido que posso me conhecer melhor através outros. Porque me dei conta de que o olhar é algo construído e de que só somos capazes de ver aquilo que já conhecemos. E que ver é, na realidade, reconhecer. Só vemos de fato aquilo que já conhecemos. E eu não me conheço. Apesar de ainda não ser capaz de me reconhecer, comecei a me ver. Piegas, né? Como a música aí em cima...

Piegas
Datação: 1854 cf. CCBF Arc
Acepções
- adjetivo de dois gêneros e dois números
1. em que há pieguice, sentimentalismo extremo.
- adjetivo de dois gêneros e dois números e substantivo de dois gêneros e dois números
2. quem é ridiculamente sentimental
3. que ou quem se embaraça com pequenas coisas

(Fonte: Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa (versão virtual), http://houaiss.uol.com.br/, 22/04/2006)

É, eu sou piegas também. As pequenas coisas me embaraçam. Definitivamente, me embaraçam...

***
"...mora na morte aquele que procura Deus na austeridade"
(Hilst)

Porque me dei conta de que também sou muito, muito óbvio.
E de que eu estava de TPM (?!). Essa música é, de fato, horrorosa e só uma pessoa me disse isso. As segundas-feiras foram feitas para nos chamar para a realidade.