domingo, novembro 26, 2006

Alegro cantante: O vôo da lagarta

Alegro cantante: O vôo da lagartaou outros e (tão) belos horizontes

Foi-se (embora) tão rápido quanto chegara. Mas era generosa e deixara um pouco de si entre eles. Era-lhe impossível ser de outra forma: uma lagarta (azul) num cenário cinzento e pluvial. E era azul mesmo. Muito, aliás. Azul-clara (albina, dir-se-ia). E a lagarta-rara (um pleonasmo em si) ficou, apesar de ter-se ido. Retornara ao mundo, mundo, vasto mundo, discreta como chegara. É bem verdade que eles eram diferentes daquilo que pensava (um não era tão magro nem tão alto e eles não eram assim tão velhos), mas era (e sempre seria) assim. Estranho era conhecer quem já conhecia e ver quem, de alguma forma, já havia visto. Estranho, mas bonito, de toda maneira. Volte, sempre, querida lagarta. Nossas portas estarão sempre abertas (mesmo que você não venha). E não peça licença: entre, pois já é parte do tourbillon de la vie. Agora você também é “a gente”: laço firme, forte, apertado, indissociável, indissolúvel.

Foto: Postal Alpes, Clara Albinati